A lagarta-do-pinheiro, vulgarmente chamada de "processionária" - por se deslocarem em fila/procissão, é um insecto da família Thaumetopoidea. Esta lagarta afecta os cedros e os pinheiros, encontrando-se dispersa por todo o país. Árvores isoladas, arredores de pinhais e pinhais abertos de uma só espécie são factores de risco.
A intensidade e frequência dos "ataques" dependem essencialmente das condições climáticas. Os casos de intoxicação por processionária são mais frequentes a partir de Outubro, principalmente no final do período de Inverno - as temperaturas amenas aceleram a eclosão dos ovos e o consequente aparecimento das larvas.
No Inverno, as lagartas atingem o meio do seu ciclo de vida e adquirem uns pêlos urticantes de elevado potencial alérgico. Passado algum tempo, abandonam os ninhos e descem das árvores, em procissão, para se enterrarem no solo (a cerca de 15cm de profundidade), em zonas sombrias ou banhadas de sol - consoante o clima seja quente ou frio, respectivamente.
Os pêlos urticantes da lagarta-do-pinheiro, que se libertam à medida que ela se move, actuam como agulhas quando entram em contacto com a pele ou mucosas do animal ou pessoa, inoculando substâncias tóxicas no organismo. Os animais (e por vezes crianças), movidos pela curiosidade natural ou por brincadeira, são os principais atingidos. A área mais afectada é na maioria das vezes a cabeça (mucosa oral, língua e olhos).
Sinais Clínicos:
Os efeitos negativos da lagarta-do-pinheiro não se limitam às espécies florestais mas também atingem muitos animais que com ela contactam. Em veterinária, o cão e o gato são muitas vezes objecto de consulta pelos efeitos alérgicos provocados pelo contacto com a processionária.
O diagnóstico de intoxicação por processionária é muitas vezes difícil devido à escassa história clínica. Grande parte das vezes o animal saiu de casa para o passeio sem que os seus donos se apercebam dos caminhos por onde anda ou o que cheira, abocanha ou come. De volta a casa, desperta a atenção dos donos por apresentar:
- focinho inchado,
- língua espessada (pode aparentar uma cor azulada),
- babar intenso,
- comichão,
- vómito,
- dor intensa (resistindo à abertura da boca).
Menos frequentemente, os animais afectados podem apresentar tosse e dificuldade respiratória. Uma consequência rara é o desenvolvimento de um choque anafilático.
O tempo que decorre entre o contacto com os pêlos urticantes da processionária e a instauração do tratamento é crucial no sucesso do mesmo! De um modo semelhante, a extensão das lesões depende da quantidade de pêlos urticantes inalados ou que contactaram com a pele, mucosas e olhos.
A reacção alérgica que o animal desenvolve face aos pêlos urticantes provoca uma inflamação dos vasos sanguíneos que condiciona a chegada de oxigénio às zonas afectadas, predispondo para a morte (necrose) - e queda de parte - da língua e dos lábios.
Em casos mais severos, o animal pode ficar incapaz de realizar as necessidades básicas (como comer e beber), acabando na maioria das vezes por levar aos donos a ponderar a eutanásia.
Tratamento:
O tratamento depende em parte dos sinais clínicos apresentados mas passa geralmente pela aplicação de:
- Corticosteróides - pela sua propriedade anti-inflamatória;
- Lavagem abundante com soro fisiológico das zonas potencialmente afectadas (face, boca e olhos) para eliminar os pêlos urticantes que se possam ainda encontrar em contacto com o animal;
- Antibióticos - geralmente para combater potenciais infecções secundárias;
- Anti-eméticos e protectores gástricos - quando existir vómito.
- Colírios - sempre que esteja presente inflamação da conjuntiva ou da córnea (a nível ocular).
Medidas de prevenção:
- Evite passear o seu animal em zonas florestais ou onde existam pinhais que possam estar afectados, principalmente na Primavera;
- Caso o seu animal entre em contacto com a lagarta-dos-pinheiros, entre imediatamente em contacto com o seu médico veterinário.